21 de novembro de 2011

Não muito Fast essa Food.

       "Refeições diárias" - deveria ser um capítulo com apenas 2 frases. Mas, o que tem apenas duas frases aqui? Nada se resume, tudo é uma longa história tragicômica, porque essa seria diferente?
      Quando se tem uma casa, o gás fica (geralmente) pra fora. O que faz ligação entre ele e o fogão é uma mangueira que passa por um furo na parede. Certo! Certo não, errado! Planejado por um engenheiro que nunca conversou com o arquiteto, o nosso “furo” está localizado onde fica a geladeira. Como ainda não sabemos se vamos simplificar essa novela fazendo um furo no local correto (sob pena de ter que “remendar” ao final da locação), estamos sem gás e, consequentemente sem usar o fogão.
      As lindas panelas da Tramontina estão embaladas, carregando uma placa em cada uma de : “Por favor, me use!”. Bem como os pratos e jogos americanos. Temos uma grelha e uma panela elétrica também, mas quem disse que a gambiarra de energia suporta?
      Por tudo isso, as refeições principais não estão sendo das melhores. Um dia tivemos a péssima idéia de pedir uma tele entrega. Sem conhecer os arredores e apenas com a internet do celular disponível encontramos a Bebelu. Ligamos para perguntar que tipo de lanche eles serviam:
-“Ola, o lanche de vocês é como?” – perguntou o Thiago
-“Hambúrguer, batata frita e refrigerante” – explicou a atendente
- “Que tamanho? Parecido com o do Mc Donalds?” – questionou o faminto
- “Não conheço o Mc Donalds, senhor!” – respondeu a atendente que provavelmente estava sendo ameaçada pelo gerente naquele exato momento dizendo: “Se você der alguma informação sobre o concorrente eu tiro teu vale transporte!”.
      Já que a fome era maior do que a curiosidade, pedimos esse mesmo com a promessa de 40 minutos de espera.
      Após quase 1 hora e 30 minutos, na qual já tínhamos comido amendoim o suficiente, chegou a entrega. O Thiago achou que sabia o motivo da demora:
-“O senhor se perdeu?”
- “Não, eu venho sempre pra ca fazer entregas!” – respondeu o motoqueiro tranqüilo.
     
Moral de hoje: “Não pedir entregas quando se está com fome!”

Só deixo o meu Ceará, quando a cachaça acabar!

    Não posso deixar de falar sobre o outro acontecimento que recarregou minhas baterias: o passeio na Praia do Futuro.
      Entre compra de GPS, feltros pros pés das cadeiras, antena pra televisão, o Thiago exclamou: “Vamos jantar na Praia do Futuro!”. Na hora não achei boa idéia porque chegar em casa com tudo desarrumado e por fazer é uma pulga atrás da minha orelha. Mas eu não podia negar algumas horas de lazer pro meu marido que além de trabalhar 8h por dia, ainda faz “hora extra” quando chega em casa.
      Nas praias aqui de Fortaleza existem estruturas (que agora não me lembro o nome) com bares, restaurantes, quiosques, piscinas e muito mais na beira mar. Uma delas se chama Crocobeach, era pra lá que estávamos indo.
      Nem sempre gosto de estar em locais movimentados, tenho um limite. Depois de algumas horas no shopping, o que eu mais queria era paz. Chegamos na hora certa, o povo todo estava arrumando as coisas pra ir embora. O sol dava seu último suspiro. O cardápio estava ótimo, mas o que mais me animou foi o som. A banda Dona Zefa reinventou a música de Elis Regina ao som do triângulo. Acompanhados de violino e uma voz maravilhosa qualquer letra virava um forró gostoso de escutar. Até Carmen Miranda caiu no arrastapé.
      Com a cabeça cheia de preocupações e a síndrome de segunda-feira chegando, escuto: “Só deixo o meu Ceará, quando a cachaça acabar!”. Apesar de não ser uma apreciadora de cachaça, a letra da música me faz pensar: “Esse povo gosta muito dessa terra mesmo! Não é possível que seja tão difícil viver aqui! Acho que estou fechada pra coisas boas, colocando todas minhas energias nas coisas complicadas (já que são elas que exigem mais). Talvez eu mereça esquecer um pouco os compromissos e só deixar a música entrar!”
Quando me permito enxergar, a pista está cheia. Todos dançando e comemorando o simples fato de estar ali. Sem dúvida, muitas daquelas pessoas têm problemas pra resolver, mas estavam lá, com a maior cara de quem não tem o que fazer durante os próximos 10 anos.
Virei minha cadeira para o palco e simplesmente vivi!

Acredita!

Nestes atuais 21 dias em Fortaleza, duas coisas me fazem acreditar que tem muita coisa boa que eu ainda não consegui conhecer (por conta de tudo isso que já escrevi neste blog): uma foi o jantar na Crocobeach na Praia do Futuro e a outra foi uma caminhada na Beira Mar de Iracema.
      Nesta última, o Thiago nos levou (eu e o Eros) para um ponto muito divertido da praia, onde há locação de patins. Ficamos como expectadores. Entre profissionais e amadores, o que mais nos chamou atenção foi um rapaz acompanhado de uma amiga. Pra começar, os patins dele estavam muito mal ajustados, ele não apertou o suficiente o “cadarço”, fazendo com que a posição das suas pernas ficassem iguais a do Kiko do Chaves!
      Ao invés de deslizar, ele marchava, batendo os pés no chão com força. Seu tronco sambava em busca de equilíbrio e suas mãos tentavam agarrar qualquer coisa que estivesse por perto para não cair.
      Mesmo com toda essa falta de técnica, o rapaz tinha um sorriso no rosto que demonstrava satisfação, felicidade e concentração. Entre desequilíbrios, risadas e marteladas no chão, ele repetia em voz alta: “Acredita! Acredita!”.
      É isso...meu patins também está frouxo, eu não sei andar, quase não tenho em quem me apoiar, mas preciso ACREDITAR!
      Por mais tola que pareça essa história, neste momento de fortes emoções ela me faz pensar, por saber que devo ser como esse rapaz: otimista e determinado. ‘Acredita’, para mim quer dizer: “Talvez não dê certo, talvez você não consiga agora, talvez seja doloroso e cansativo, mas você vai conseguir!”. Desde aquele dia, essa é a palavra que eu repito pra mim diariamente.

"Nada é como a gente quer"

     Esse blog me salva! Costumo dizer que tenho dias de “Jeremias”, aquela figura que apareceu no youtube há algum tempo e fizeram até um hits do que ele disse na entrevista: “Se eu pudesse eu matava mil, porque sou ‘cabra homi’!”. Hoje é um dia desses....se EU pudesse, matava mil!!!!!!!! Já que não posso, eu desabafo no blog!

Dicas de como NÃO vender bem:
1-      Ao atender o cliente, passe o preço errado da mercadoria, sempre diminuindo o valor.
2-      Quando o cliente retornar a loja para confirmar o valor, você dá o mesmo valor errado, confirmando com sua palavra que é isso mesmo.
3-      Quando o cliente retornar decidido a fazer a compra, diga que se enganou e informe o valor correto. Acredite, 1.000 reais não faz a menor diferença para o cliente.
4-      Agende a entrega para uma data que você não sabe se poderá realmente entregar.
5-      Marque a montagem para outra data (bem distante da data de entrega), seguindo a mesma orientação acima de não saber se é possível realizá-la.
6-      Quando o cliente telefonar cobrando a entrega que não aconteceu, diga a frase consoladora: “Ainda não entregaram? Não se preocupe, amanhã estará na rota!”.
7-      Repita esta frase em todos os dias seguintes que o cliente ligar afirmando que ainda não recebeu o produto. (Siga as mesmas orientações para montagem)
8-      Deixe o cliente esperando por (média) 1 semana. Não se preocupe, ninguém tem mais nada o que fazer, a não ser ficar 12 horas em casa esperando a entrega.
9-      Por fim, o mais importante é garantir que, mesmo depois da mercadoria completamente paga, o cliente a receba apenas quando sua paciência estiver esgotada. Para ter certeza desse momento, consulte a lista de expressões abaixo:
Merda
Porcaria
Puta que pariu
Palhaço
Vai se catar
Vai se &%$#
Agora
Dinheiro de volta
Sustar cheque
PROCON
Mandar matar
Chamar a máfia italiana
Jogar bomba na loja

Se você escutar de um cliente, seja pessoalmente ou por telefone, 2 ou mais expressões dessas, então pode realizar a entrega e montagem. Não se esqueça de falar, para encerrar a conversa a frase: “Nada é como a gente quer!”, assim seu cliente ficará ainda mais irritado e nervoso.

Dicas de como vender bem:
1-      Informe o valor correto da mercadoria (aquela que está facilmente acessível no seu computador).
2-      Combine uma data de entrega e de montagem que você (ou a empresa terceirizada) possa cumprir.
3-      Certifique-se que tanto a entrega quanto a montagem foram realizadas. Caso não ocorra, entre em contato com o cliente para informar o motivo e a data prevista.

Foram apenas 3 passos, será que é tão difícil assim???????

Jenifiiiii

Todos meus grandes amigos e amigas, me desculpem, mas preciso fazer um post especial para a amiga mais nova que adquiri (há 1 ano). Não sintam-se injustiçados, afinal de contas este blog fala sobre a minha mudança ao Ceará, e se tem alguém que foi completamente desprendida de tudo e “se jogou” em minha direção oferecendo ajuda, foi ela!
            A vida nos fez encontrar a Jenifer e o Japa (noivo dela). Ela psicóloga e ele engenheiro ambiental (que coincidência, conheço outro casal assim! Hihi). E este é um caso ainda mais especial! Que as psicólogas gostam de engenheiros e vice versa todo mundo já sabe, mas a teoria de que psicólogas gostam de engenheiros chamados “Thiago” fomos nós duas que confirmamos! 
    Fui colega da Jenifer em algumas matérias, mas nunca conversamos muito. O Thiago também foi colega do Japa, eles sim conversavam mais, mas não eram amiiiigos. Foi numa Ocktober que nos conhecemos um pouco mais...mas essa história é só para aqueles que viveram a experiência inesquecível da primeira e única festa do chopp.
            Numa festa de formatura nos encontramos, a Jenifer estava procurando emprego logo após se formar e pediu se eu sabia de algo. “Sim, mande seu curriculum pro meu e-mail que eu vejo la na Unimed”. Pouco tempo depois (eu acho) la estava ela na sala de seleção, séria, compenetrada nas atividades, interagindo com o restante do pessoal e eu observando. Que ela era inteligente eu já sabia, já tinha percebido em sala de aula. Mas se tinha um bom Q.E. era isso que eu queria saber. Se destacou entre os candidatos e passou pra segunda fase de entrevistas, onde foi questionada delicadamente se acreditava em Deus! Gente, pensa nisso:
“Você acredita em Deus?” – perguntou o nosso gerente à Jenifer, com uma cara que só ele sabe fazer que nenhuma pessoa sabe distinguir se ele está falando sério ou brincando.
“Sim!” – responde a Je, provavelmente pensando: que pergunta é essa? É pegadinha?
“Ah bom, porque tu vai precisar aqui!” – finaliza ele com um fatality daqueles do Street Fighter que todo mundo fica de boca aberta.
Eu mal acreditava que tava ouvindo aquilo, e o melhor: ela aceitou o emprego depois dessa!
            Bom, mas vamos pular logo pra parte mais importante antes que isso vire um livro e não um post. Em pouco tempo de “colegas de trabalho” já nos identificamos e, posso dizer, que ela é uma pessoa singular, daquelas que tu pensa cantando Vinícius de Moraes (não podia faltar uma música): “Se todos fossem iguais à você...Que maravilha viver!”. Uma pessoa com um bom humor incrível (vocês já viram ela imitando o Jeiso?) e sempre disposta. Já me socorreu tantas vezes! Já trocamos tantas idéias. Costumo dizer que: “A Jenifer sempre tem a solução dos meus problemas!”.
            Como a ida ao aeroporto com tantas malas, cachorros e caixas não deixava de ser um problema, eu não tive dúvida. Sabia que precisava estar calma e tranquila para que tudo desse certo, quem poderia me ajudar nessa missão? A JENIFIIII, OBVIO! Nem foi preciso pedir, ela mesma já se disponibilizou para enfrentar a batalha comigo. Eu tinha certeza: era com a Jenifer que eu queria estar nos meus últimos minutos de Santa Catarina!
            Eu não podia esperar nada menos dela. Me manteve calma só com a sua presença e coordenadas (como já falei em outro post) e ainda por cima acalmou a Sara. Acreditem, a Jenifer conseguiu fazer a Sara ficar calma dentro da caixa. Ela sentou no chão do aeroporto, colocou a mão pra dentro da caixa e fez carinho na pata da cachorra mais ansiosa do mundo, sem nem pensar no que tava acontecendo ao redor.
            Je, ter você na minha vida é muito especial, sei que tudo que você já fez por mim e ainda faz é de coração. Não tem peso nem preço. Assim como todo o carinho que tenho por ti. Saiba que tu ocupa um lugar especial no meu coração e serei eternamente grata por tudo que você representa pra mim.
            Lembre-se que estou aqui...longe em km, mas muito perto em sentimento (e no chip da TIM que é mais barato também. Hihihi).

Sr. Queiroz

Sábado fomos a procura dos móveis. O que aparentemente é uma tarefa fácil, mas na prática é outra coisa. No meio do caminho que a Solange estava direcionando, encontramos a loja do Sr. Queiroz, um senhor dono do estabelecimento há 38 anos. Segundo ele, quando comprou o ponto seus amigos o chamavam de doido, pois não havia nada ao redor. Hoje é uma das ruas mais movimentadas de Fortaleza! Fomos atendidos pela filha, muito atenciosa. Encontramos a mesa da cozinha e o rack do jeito que queríamos, por ironia são “importadas” do RS! Com o coração cheio de orgulho, o dono da loja nos contou que seu filho também é engenheiro e trabalha na França. Identificado conosco ofereceu um desconto “especial para casal novo que está começando a vida” – segundo ele.
            Entre uma conversa e outra, contamos que somos gaúchos ele disse: “É muito diferente por lá, não é mesmo? Nem parece Brasil!”. No momento, em minha cabeça surgiu a resposta: “Parece que AQUI não é Brasil!”. Mas não é verdade! Com uma simples fala de um cidadão muito vivido pude perceber com clareza que grande parte do Brasil é como Fortaleza e não como o sul, e que os estranhos somos nós! Me fez refletir que o Brasil não é nem só sul, nem só nordeste...o Brasil infelizmente é a desigualdade, que no mesmo país se encontra pessoas na mais pura miséria e pessoas na mais pura luxuosidade. Lembram das músicas que embalam minha vida? Tem alguma melhor do que: “Que país é esse?” do Legião Urbana para este momento?
            Não somos um ou outro, somos todos da mesma pátria, interligados e responsáveis por todos. Não vim pro nordeste contestar a cultura, nem ficar falando aos quatro cantos: “Lá no Rio Grande do Sul não é assim!”, vim pra cá conhecer o Ceara e completar mais uma peça do meu quebra-cabeça chamado Brasil.
            Quando aceitei esta mudança, pensei que a vida estava me proporcionando mais um amadurecimento. Acho que um deles é esse! Obrigada vida, pela experiência.
            Ah, antes que eu me esqueça: acabo de receber a ligação do Sr. Queiroz enquanto escrevia este post, oferecendo mais uma oferta ao “casal simpático”.

17 de novembro de 2011

Eu sambando!

    Já escolhi o nome do meu bloco de carnaval! 
    Após receber a notícia (deja vu) do desligamente do meu "gato de luz", acompanhado da impossibilidade da ligação legalizada por prazo indeterminado e sem justificativa, a responsável explica em uma única frase o porque de estarmos há 16 dias na mesma batalha: 
"Uns conseguem, outros não!". 
  
    Ta aí o nome do meu bloco carnavalesco: Unidos do Outros Não! O samba-enredo será muito bem elaborado, a produção espetacular, a bateria super harmoniosa e conduzida por uma madrinha monumental, o carro principal terá decorativos inusitados e a ala das baianas rodando sem parar. Pena que no meu sambódromo não terá luz! Eitaaaaa

Olá, o Sr. Arroba está?

    Rir da desgraça alheia talvez seja um dos nossos esportes prediletos. E não venha você, que está aí na frente do computador rindo da minha, dizer que não é verdade! Outro dia, aqui mesmo na lan house, enquanto postava minhas desgraças presenciei uma alheia.     

    Concentrada nas palavras que escrevia (talvez não o suficiente, porque já vi alguns erros de digitação nos posts passados, ops), fui interrompida pelo alcance do meu ouvido que escutava o sujeito ao meu lado falar ao telefone: 
-"Hidlasmdçsofkpfojvn arroba ushydioqwhdljwdij arroba lidhosladsjapok arroba". 
    As palavras que você não consegue ler nesta fala, eram as que eu não conseguia entender, porque o rapaz falava muito rapido. Desfoquei a conversa do vizinho e continuei minha digitação. Percebi que o mesmo olhava discretamente o meu teclado diversas vezes. Intrigada eu me perguntava por que diabos o cabra queria saber o que eu estava fazendo no computador?
    Alguns minutos depois ele vira pra mim e questiona:
- "Pra colocar o arroba eu aperto aqui?"
- "Não, você deve segurar este botão apertado e apertar esse também!" - demonstrei no meu.
   Em seguida ele no telefone:
- "Oi Fulana...não se preocupe não, que eu achei o arroba!'

   Inevitável pensar na probabilidade desse acontecimento se transformar numa crônica do Luis Fernando Veríssimo caso ele estivesse no meu lugar. Certamente ele descreveria um sujeito que chega à lan house e quetiona o atendente:
-"Sr., por favor me ajude! Eu perdi o arroba!"
O atendente sem entender e não acreditando na primeira resposta que lhe vem à cabeça, confirma:
- "O Sr. fala de qual arroba?"
- "Sei não, só sei que me mandaram vir aqui, procurar o arroba e colocá-lo no e-mail! Por falar nisso, o Sr. sabe onde tem um e-mail mais próximo daqui?"


  
   

11 de novembro de 2011

Se vira nos 30!

Na minha primeira postagem falei sobre a música do Caetano. Hoje lembro dela pensando que talvez a minha versão fosse “Sem toalha e sem luz”, muito embora não tenha rima nenhuma como a original. Cheguei de viagem terça-feira às 21h e imediatamente o calor do Ceara fez minha calça jeans e minha baby look de manga curta colarem no meu corpo. Um banho era o desejo nº1! Eu já sabia que encontraria a casa sem luz (esse é um assunto que merece uma postagem exclusiva posterior), o que eu não imaginava era que estaríamos sem toalha de banho. Sim! O Thiago passou 2 semanas num hotel, porque teria toalhas de banho na mala? Só que eu não pensei neste detalhe antes de sair de SC! Naquele horário qualquer tentativa de busca seria em vão. O jeito era improvisar. Pegamos 4 camisetas e nos secamos com elas às gargalhadas e à luz de velas.
            Se nem luz não tínhamos, ar condicionado então era praticamente um sonho distante. Com o calor que fazia aquela noite não dava coragem de deitar na cama...se fosse uma piscina seria muito melhor. Empurramos a cama para a frente da porta de vidro do quarto e dormimos com o ar condicionado natural do Ceara: o bendito vento!
            Nem preciso dizer que no dia seguinte compramos 2 toalhas...e o ar...nem adianta...não temos luz!!!

10 de novembro de 2011

Amigo é coisa pra se guardar...

            Mudança despachada, carro e moto enviados e malas prontas: vamos lá! Simples assim? Nem pensar! O dia do embarque foi caótico e cômico ao mesmo tempo. Amizade é tudo nessa vida. Tive uma equipe fundamental para que eu pudesse entrar no avião com todos os fios de cabelos grudados na cabeça. Quantos amigos são necessários para levá-lo ao aeroporto? Quem respondeu “um” está enganado! No meu caso foram necessários 3 amigos...sim, acreditem.
Antes de mais nada, visualizem: eu, a Sara, o Eros, a caixa de transporte da Sara (que era enorme por conta das exigências da GOL), uma mala, uma mochila, uma frasqueira e uma bolsa. Ok, mantenham esta imagem na mente e acompanhem. Vamos começar pela Jenifer, cujo sobrenome é altruísta. A querida passou o final de semana em Brasília fazendo uma prova longa de concurso, chegou segunda 23h exausta, foi trabalhar na terça de manhã e pediu folga a tarde para me levar ao aeroporto. Judiação!!! Foi me buscar com o maior sorriso no rosto, mantendo tudo sob controle, ajudando a tranqüilizar a Sara dentro da caixa e dando as coordenadas para a amiga aqui que estava uma pilha de nervos: “pega teus documentos, deixa a bolsa aqui comigo, faz isso, faz aquilo!”. 
Continuando com a Rosane e o Victor que eu tive a honra de me despedir oficialmente na segunda-feira a noite da mesma forma que nos conhecemos: os três juntos. A Rosane chegou na minha casa 12h e transformou o KA dela em um frete: colocou a caixa da Sara e as diversas sacolas de doações que eu tinha separado (até hoje não sei como o Victor coube nesse carro!). Por falar nele, o meu mestre Yoda eterno saiu do trabalho e pegou uma carona pra me ajudar a levar as coisas e dar o “até logo” na porta de embarque. No check in cada um teve seu papel, impressionante. A Jenifer e a Rosane ficaram dando as coordenadas e ajudando a segurar as bolsas e mochilas e o Victor ficou com o Eros. Impossível passar despercebido pelo aeroporto com a Sara dentro da caixa chorando e o Eros agitado porque não entendia porque a “mana” tava daquele jeito: não tinha quem não olhasse.
            Check in feito, fomos nos sentar para aguardar o momento do embarque. Daí aparece a Daia, mais um reforço. Sorte que já estava tudo certinho.
            O “até logo” foi difícil, mas aquela foi mais uma prova de que aquelas pessoas são fundamentais na minha vida e que quando falam “No que você precisar, pode contar comigo!”, estão falando a verdade mesmo!        

9 de novembro de 2011

Bom humor, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!


Hoje está sendo um dia particularmente difícil. É daqueles que você olha ao redor e pensa: “que estou fazendo aqui?”. Arrependimento, não...é cansaço. A falta de rede social numa foi tão forte.
Começando pela Solange que hoje resolveu não me ajudar. Eu precisava ir à Penha Encomendas buscar nossas caixas com parte da mudança. Coloquei o endereço no GPS e fui convicta de que chegaria lá. Depois de 30 minutos procurando o local que a Solange insistia em dizer que eu já tinha encontrado, telefonei e o atendente me explicou como se eu fosse nativa e taxista. Com impaciência para dar qualquer orientação a mais, mesmo sabendo que falava com uma “estrangeira”, ele desligou. Enlouqueci sozinha! Com os vidros fechados, gritei e soquei o volante do carro mais do que uma pessoa em surto faria: “Eu só quero chegar lá!!!!” – repetia freneticamente. Liguei pro Thiago aos prantos dizendo que não conseguia. O coitado no trabalho não podia fazer nada pra me ajudar, e eu sabia. Mas eu não tinha ninguém...nem uma alma penada conhecida em Fortaleza para telefonar e pedir: “Me ajuda, por favor!”.
Era esse o motivo do meu choro...eu estava sem apoio. Telefonei para o homem do frete, certa em cancelar a operação. O mesmo foi muito solícito dizendo para que eu aguardasse que ele me buscaria. Quando chegamos, recebi mais um balde de água fria: “Só o Sr Thiago Casagrande pode retirar esta encomenda!”. Como isso é possível se o horário de trabalho dele é o mesmo que o de abertura do local? Lá estava eu, o homem do frete (e socorrista nas horas vagas) e o homem de preto sentado atrás da mesa com os braços cruzados de quem diz: “Não posso fazer nada!”. Voltei para casa sem as minhas 10 caixas, que não são apenas encomendas, mas sim a minha vida embalada em papelão.
Uma lista de nomes de pessoas queridas me passou pela cabeça com a frase completando: “Ah, se fulano estivesse aqui comigo!”. A mesma lista estava no meu celular, o contato de cada um para que eu ligasse quando fosse preciso. E será que era preciso agora? Será que eu queria incomodar mais alguém? Não, acho que essa eu preciso agüentar sozinha, afinal todo mundo tem seus afazeres e ficar escutando meus lamentos às 9h da manhã ninguém merece (nem mesmo o Thiago, coitado!).
Exausta emocionalmente deitei na cama e prometi a minha mesma e ao meu marido, que preocupado me mandava mensagens para agüentar firme, que eu ficaria ali, inerte, como quem não tem nada pra fazer e nada pra pensar. Duraram 2 minutos. O eletricista da construtora me chama: “Sra. Silvia, não sei por quanto tempo vamos conseguir manter a sua luz! O pessoal da construtora está me cobrando o desligamento!”. La se vão os bois com as cordas.
A sensação é de estar naqueles brinquedos de tanques de água que tem tipo um trampolim. Você senta no trampolim e alguém joga a bola até acertar no alvo, derrubando você na água. Me sinto lá no alto, observando os jogadores e pensando a cada jogada: “Será que é agora que vou cair? Ou agora? Ou agora?”.

Condomínio: a difícil tarefa de viver em harmonia.


Um condomínio onde todos se respeitam, usam da empatia e ponderam as escolhas pensando no bem comum existe? Essa resposta eu sei: NÃO! Impressionante como as pessoas são egoístas e inflexíveis quando se trata de decisões em conjunto. Uma assembléia parece uma seleção para uma vaga observada por uma psicóloga. Todos candidatos querem ser notados e fazem de tudo para dar opiniões e interagir com o grupo. Exatamente como na seleção, algumas pessoas falam demais, outras de menos e outras nunca deveriam ter aberto a boca por nada nesse mundo.
Isso foi o que aconteceu hoje, dia 07 de novembro. A reunião tinha uma pauta principal que era decidir o valor do condomínio através dos serviços apresentados pela empresa terceirizada. Minha mãe me deu um conselho: “Vá à reunião, mas fique como ouvinte, não diga nada, fique lá no fundo escutando as informações”. Não sei porque ela disse isso, talvez tenha sido porque ela sabia que em meio a tantos absurdos ditos e discutidos sem nenhuma lógica, a qualquer momento poderia ecoar uma voz de general: “Chega! Vamos botar ordem nisso! Votação: levante a mão quem quer isso, agora levante quem quer aquilo!” – seria eu, sem dúvida.
Eu não falei nada a reunião inteira, consegui me conter com gestos e expressões faciais que ninguém enxergava porque realmente eu estava sentada na última cadeira da sala. Já, o Thiago não escutou o conselho, foi voto de desempate na escolha do valor do condomínio, mesmo sem ser proprietário e fez diversos comentários acompanhados da mão no rosto de quem pensa: “Meu Deus, quanta bobagem!”.
Realmente foi difícil encarar 2 horas de assuntos desviados como: porque o zelador não pode fazer a limpeza da piscina, porque o segurança armado não pode ser porteiro e guarda ao mesmo tempo, qual o modelo de lâmpada será colocado na fachada, se pode ser retirada a taxa de gás de 50 reais por mês (dividida por 64 = R$ 0,78 para cada condômino) para que o valor do condomínio pudesse baixar, e muito mais. Lendo assim parece que o valor do condomínio é um absurdo, mas não é! Não só para mim e pro Thiago que viemos de um local onde o condomínio é caro, mas para aqueles que estavam presentes na reunião também, eles mesmos diziam. O difícil de entender era o porque de tanta contestação.
Finalmente, o meu candidato a síndico (que aceitou ser apenas membro da comissão) deu um fim àquela baderna: “Pessoal, me escutem, por favor! Tenho certeza que todos aqui estão cansados, vieram do seu trabalho e nem jantaram ainda. Vamos aprovar esta sugestão de valor por 3 meses e, caso não tenhamos todo este gasto, este dinheiro fica em caixa para o condomínio!” – na verdade esta foi a tradução pela diplomacia do que eu e o Thiago estávamos pensando: “Calem-se, calem-se, calem-se. Vocês nos deixam louuuuucos” – citando o Kiko do Chaves! Hihi
Assim, todos puderam ir para suas casas felizes para sempre....até a próxima assembléia pelo menos!

Nem todo nordestino é um Sr. Queiroz


Em contraponto com a simplicidade, dignidade e sabedoria do Sr. Queiroz, tive o desprazer de conhecer o dono da imobiliária que nos alugou a casa. Não quero citar o nome, por isso vou chamá-lo de Sr. G (G de grito!). Deixe-me explicar a escolha do codinome. Uma grande amiga, Tamara fez seu TCC de psicologia em uma escola, um dos alunos quando questionado a respeito da professora disse: “Ela é um bicho de grito!”. Se ela era mesmo eu não sei, mas o Sr. G. sem dúvida é!
            Conheci o sujeito num dos dias mais difíceis (até agora) por aqui. No dia anterior nossa luz foi ligada, sendo afirmado que estava tudo em ordem. No dia seguinte foi desligada, a empresa constatou que não havia um documento da construtora com a autorização. A sensação é exatamente igual a ganhar um brinquedo que você desejava muito, brincar com ele, e ser retirado antes mesmo de você conseguir aproveitar. 
             La fui eu na imobiliária, com o rosto inchado pelas lágrimas (o cansaço e a falta de rede de apoio são desgastantes, um choro seguido de uma boa atitude vão bem nessas horas para aliviar). A recepcionista me acomodou numa sala enquanto o Sr. G. não chegava. Lá estava a esposa do dono e uma funcionária. A cada homem que entrada eu tentava adivinhar se era o dono, já que eu não o conhecia pessoalmente. De repente um homem aos gritos entra na sala, dizendo mil coisas, xingado todos presentes e não-presentes, jogou documentos no chão e esbravejou algo que eu mal conseguia entender: era ele! A funcionária rapidamente recolheu os documentos e colocou na mesa. O mesmo entrou em sua sala e todos fizeram cara de “que droga, ele chegou!”. 
         Eu não conseguia acreditar que uma pessoa pudesse ser tão grosseira assim, ainda mais sabendo que estava na frente de seu cliente. Depois de 30 minutos de espera sem nenhuma satisfação a esposa do dono conversou comigo sobre o assunto da luz. Sabendo que o erro de antecipar o aluguel era do Sr. G., ela o chamou para mostrar o que tinha ocasionado sua negligência. Os dois começaram a discutir rispidamente na minha frente. Não uma discussão de “colegas de trabalho”, mas uma discussão de marido e mulher, com direito a gritos e gestos. Eu tinha vontade de sair correndo e nunca mais voltar. Mas como que eu ia entregar aquela casa linda que conseguimos? Eu a deixaria por causa desse “bicho de grito”? NEM PENSAR! “Respira fundo e vai” – pensei comigo. Tentei por mil e quinhentas vezes explicar a ele qual o procedimento, mas se ele mal escuta a esposa, quem dirá uma “menina” como eu. Ele nem me olhava. 
              E neste dia entendi o que a Fátima e o Ludi nos alertaram com bastante carinho na véspera de nossa partida ao nordeste: “talvez vocês encontrem um pouco de machismo por lá!”. Era isso que eu estava sentindo: machismo. Mas vejam só que ironia, o rei da cocada preta saiu esbravejando novamente sem resolver a situação, deixando sua cliente, que por acaso era eu, sentada sem solução. Agora me diga, cabra macho, quem foi que resolveu??? EU E SUA MULHER! Ah, quer dizer que DUAS MULHERES deram conta do recado!? Oh se deram! Depois de muito xingar a postura do marido e pedir desculpas pelo comportamento dele, ela entrou no meu carro e disse: “Vamos resolver isso e é pra já!”. Fomos até o condomínio e ela mesma conversou com o eletricista, convencendo-o de fazer um “gato” enquanto não tivéssemos outra solução. Ao final de tudo isso ela ainda me deu seu telefone e disse: “Me ligue se precisar de qualquer coisa, se estiver perdida no trânsito ou quiser uma indicação!”.
            Nunca me esqueço, porque as situações me fazem sempre lembrar do que meu professor de anatomia dizia: “O homem é a cabeça da relação, a mulher é o pescoço, que gira a cabeça pro lado que ela quiser!”.
E eu pergunto: Quem manda nessa relação, Sr. G???
     Ainda vou queimar sutiã no Parque do Cocó aqui, ein!! Hihihi