12 de dezembro de 2011

Então é Natal!

Como dar um título a este post sem lembrar do CD Natalino da Simone, que este ano não vou escutar (feliz ou infelizmente)?!

     Pra mim o espírito de Natal chega só agora, mas para o comércio outubro já é quaaase natal e você TEM QUE ANTECIPAR AS SUAS COMPRAS. Como se você fosse resistir ao presente escondido no guarda-roupas por 2 meses. Nós, que somos bem brasileiros, compramos os presentes em cima da hora e não resistimos esperar até a noite de Natal com a desculpa de: "Ah, mas é que eu comprei isso pro fulano por usar na noite de natal, como posso dar depois?". 
 
   Enfim, agora que o natal se aproxima mesmo e eu morro de pena do coitado do Papai Noel Brasileiro que passa meses vestido com aquela roupa super quente, dando tchauzinho nas ruas e, com sorte, nos shoppings com ar condicionado. Chego a pensar que o coitado fica meio esquizofrênico, afinal de contas todos ao seu redor estão de biquini tomando um sorvete e ele no meio de toda aquela neve que sai de uma máquina. Fora que talvez existam alguns que nem saibam ao certo qual foi o pedido da criança:

- Olá, querido! Como você foi um bom menino este ano, o Papai Noel vai te dar um presente. Qual você gostaria?

O menino que recebeu anotações na agenda o ano todo e sua mãe está lá com muitos fios de cabelos a menos pela preocupação desses 365 dias que passaram, responde:

- Tipo assim, se tu tivesse conectado no Twitter saberia o que eu quero sem precisar perguntar. Todos meu amigos do Face sabem também. Mas já que tu não curte essas paradas eu falo a real: to afim de um Playstation 500 que fica invisível quando a mãe chega, traz o refrigerante e coloca as roupas dentro da máquina de lavar pra mãe não encher meu saco. Mas tem que ser aquele que tem holograma, pra eu poder me fazer presente nas aulas ao mesmo tempo que estiver em casa dormindo. Tá ligado, Noelzão?

   Honestamente, fiquei muito supresa quando o Thiago chegou com 3 cartinhas de crianças pro Papai Noel, tipo aquelas do Correios. As 3 crianças pediram skate, patins e chuteira! Da prá acreditar? E são crianças de 9 anos, não são tão pequenas, não é mesmo?! Fiquei feliz demais!! Um deles escreveu: "Não tenho muitas palavras pra dizer o que eu quero, mas sim desenhos" e fez vários skates pela folha. Já compramos os presentes e espero que elas gostem.

    Lembro da época em que era criança (que não faz tanto tempo assim, ta!!!!), não sabíamos qual o presente receberíamos. Eu e meu irmão ficávamos na maior expectativa porque, sem dúvida, aquele era o melhor presente do ano, o mais esperado. Claro que a mãe e o pai sempre acertavam o que queríamos, mas nunca foi declarado. Eles nunca perguntavam: "O que tu quer ganhar?", era sempre indiretamente, sem que percebêssemos. Tínhamos que esperar até a troca de presentes na noite de natal, e algumas vezes a mãe colocava os presentes embaixo da árvore antes dessa data. Na promessa de não abrir (e nunca o fizemos) eu e o Gui passávamos horas tentando adivinhar o que estava por dentro daquele embrulho. Os presentes das vós e dos padrinhos também eram uma incógnita, mas sempre certeiros. 

   Dizem, esses tais de psicólogos, que a educação dos nossos filhos é baseadas também nas coisas que vivemos com nossos pais, sejam coisas que queremos ou que não queremos fazer como eles. Quero manter essa surpresa e recompensa que meus pais faziam com a gente. Quero que meu filho não saiba o que vai ganhar, que sinta a alegria da surpresa e a expectativa do momento. Quero manter o momento de oração que a minha Vó Sunta sempre puxa, todos em círculo, de olhos fechados agradecendo pelo ano. A Vó faz isso todo ano, mas eu ainda sou pega de surpresa quando ela complementa: "Fala Silvia, que tu fala umas coisas bonitas!" e eu tenho que me virar nos 30 com as palavras improvisadas. Ah, sem falar do "Saco Surpresa" que pra mim é o ápice da noite. Esse foi instituído pela minha tia Claudete que tem uma criatividade pra colocar cada coisa nesse saco, que ninguém consegue segurar a gargalhada. Disso eu não abro mão também. E o Manjar Branco da Madrinha? Fala sééério!!! Não pode faltar! Fora que o Gui sempre faz umas palhaçadas com os presentes que ganha. 



Isso vai fazer falta nesse próximo Natal...mas estará presente em todos os outros, de um jeito ou de outro!!!!

8 de dezembro de 2011

Palhaçando por ai...

Sinto que preciso mandar uma passagem especial só de ida para alguém que sinto falta e trará muita alegria a Fortaleza: a FLORINDA.

         Florinda é uma palhaça que criei com um nariz machucado, uma roupa de estrelas, uma pantufa (que certamente terá que ser substituída aqui neste calor – aliás, será que o nordestino sabe o que é uma pantufa??), maquiagem de palhaço e muitas flores nos cabelos.
         Unindo coisas que gosto: hospital + bom humor + psicologia, trabalhei como voluntária no projeto Terapeutas da Alegria (www.teralegria.com.br). Os cursos que fizemos de clown e as experiências foram construindo minha personagem aos poucos.

         Tivemos semanas de preparação com reuniões semanais antes de propriamente entrar nos hospitais. Enquanto isso eu me preparava não só tecnicamente, mas psicologicamente para enfrentar um ambiente hospitalar, que até mesmo pra quem gosta é pesado. Imaginava que precisaria me poupar emocionalmente durante o dia para estar 100% a noite no horário das visitas. Como depois de 8 horas de atendimentos eu poderia me doar para essas pessoas internadas em hospitais públicos? Me surpreendi!     
Durante a concentração da maquiagem, onde todos voluntários se transformavam em palhaços dos mais bizarros possíveis, as energias começavam a aparecer. Entrar cantando ao som de um violão num corredor de hospital que pede silêncio era um desafio e ao mesmo tempo tem aquele gostinho que adoro de: diferente e improvável. Aos poucos as mãos com soro pendurado abriam as portas e um sorriso aparecia como convite: “Venham aqui! Venham me ver!”.
Entre algumas caras desgostosas de poucos profissionais que não entendem o trabalho, outros felizes pela bagunça instalada. Após a cantoria nos dividíamos em duplas e entrávamos nos quartos sempre pedindo permissão.
Os que já nos conheciam contavam os dias para nossa próxima visita, mesmo que o nosso adeus viesse com a fala: “Tchau pessoal, esperamos NÃO VÊ-LOS aqui semana que vem!”.
         Na ala infantil quantos procedimentos facilitados, quantos minutos de sossego aos pais, quantos balões modelados, quantas histórias contadas...
         A equipe não ficava de fora, as enfermeiras e enfermeiros cansados após horas e até dias sem dormir recebiam uma atenção especial. 

         Quando eu subia na moto pra ir embora (e quantas vezes ainda com as flores nos cabelos sem perceber) a sensação era de renovação, parecia que eu recém tinha acordado e estava pronta pra fazer muitas e muitas coisas. Eu tinha certeza: era uma via de mão dupla, eu ajudava os pacientes a enfrentar aqueles dias solitários de dor literal e emocional e eles me ajudavam a entender que a vida é muito mais do que eu pensava.
Vontade de ajudar não faltava, o que faltou mesmo foi tempo para continuar no projeto. Infelizmente precisei sair por conta de mudanças no meu horário de trabalho.
Mas não adianta, a Florinda está em mim! Surgiu um projeto que minha amiga e colega Nutricionista Mariana nomeou “Brincando de Nutrição” numa escola infantil de BC. Na nossa primeira atuação rebolamos para manter as crianças atentas aos ensinamentos. Por mais lúdicas que pudessem ser nossas atividades, as crianças eram pequenas demais para compreender (de 1 a 6 anos). Para a segunda intervenção eu pedi: “Mari, confia em mim!”. Ela confiou e eu cheguei com um roteiro incluindo uma palhaça chamada Florinda que se alimentava muito mal e tinha comportamentos resistentes como toda criança. Florinda precisava da ajuda de uma nutricionista e de alguns amigos com urgência.
Deu muito certo, o que era pra ser apenas uma intervenção virou teatro mensal. A cada mês estávamos lá com a Florinda, que as crianças quando olhavam pra mim sem maquiagem nem desconfiavam que era eu a palhaça. Uma vez uma menina disse:

- Você é a Florinda?
- Eu? Eu não! Por que?
- Porque ela tem uma aliança dourada igual a tua!

Dava pra acreditar nesse detalhe que ela percebeu? Ela tinha no máximo 5 anos! Naquela apresentação eu tirei o anel e percebi a menina o tempo todo procurando em qual dedo estava a aliança que ela tinha certeza de ter visto em outros dias. Ao final se convenceu: realmente aquela moça não era a Florinda! Hahaha

Foram dias mágicos, apesar do cansaço de apresentar 4 ou até 5 vezes o mesmo teatro no mesmo dia, era divertidíssimo. As crianças aderiam e as professoras reforçavam: “Você não ajudou a Florinda a aprender a comer frutas? Então deve comer também!”.
Aproveito para agradecer a Mari pela confiança e trabalho lindo que fizemos juntas, a Florinda fica perdida sem você. Bem como o Unificado Kids que acreditou na nossa doideira que deu tão certo.
E com todas essas lembranças boas, como posso simplesmente deixar a Florinda na gaveta? Nem pensar! Ainda não descobri onde ela vai trabalhar, mas já estou com algumas idéias boas.
Apesar de estar na terra do humor, não são só os palcos que precisam desse santo remédio, não é mesmo? Em breve a Florinda estará trazendo alegria para locais que nem sempre este sentimento tem espaço. Aguardem!

6 de dezembro de 2011

Pé de coelho, trevo de quatro folhas e ferradura.


             
Começo a achar que a frase “Ninguém é perfeito” vale para os móveis também: “Nenhum móvel é perfeito”, e eletrodomésticos e encanamentos e serviços e....
            Pessimismo? Não, é apenas mais uma postagem pra você rir!

            Tenho escutado repetidamente a frase: “Vocês tiveram azar!”. Saída da boca de todos vendedores para justificar a imperfeição de alguma coisa. E quando digo imperfeição, parece que eu gostaria que os móveis e demais utilidades comprados estivessem em um estado intocável de virgindade (se é que podemos dizer assim), mas não. A minha única exigência é que funcionem corretamente. Pois bem, não foi possível: DEMOS AZAR! E a lista é grande...
            Inicio a mais nova tragicomédia, que mais parece um “Vale a Pena Ver de Novo”, com o fogão, como chama minha amiga Jenifer O Fogão de Borracha. O dito cujo que saiu saltitando logo em sua chegada. Pra quem não está por dentro do babado: no dia da entrega, quando o homem o desamarrou, caiu, quicou e se estatelou no chão. Obviamente foi substituído (apesar dos protestos do entregador que dizia ser normal o amassado).
            Continuemos com a mesa que chegou bamba e logo recebeu um papelão dobrado (clássico) em seu pé deformado com a promessa a nós mesmos de mantermos a sanidade mental: “Não vamos nos incomodar com isso!”.
            Sem falar no sofá...ah o sofá merece um parágrafo maior! Este foi difícil. Pra começar a loja não aceitava cartão nem cheque de “outras praças”. Mas a minha praça é tão legal, é a Dante Alighieri, la de Caxias do Sul!!!! Tivemos que rebolar, dançar a dança da chuva, o  rebolation e a macarena pra conseguir a aceitação do cheque. Preciso dizer que a entrega atrasou mais de 1 semana e meia? Não neh?! Daí quando chegou o nosso mais querido companheiro de cochilos e novela, lá estava o crime: dois riscos de caneta (vermelha e azul) no braço do sofá bege, como se fosse uma tatuagem numa pessoa branca como eu, que se vê de looonge. O novo sofá chegou com atraso novamente, e mais do que isso, deve ter vindo de algum acidente: estava quebrado. Isso mesmo: que-bra-do! Até a representante da fábrica (gaúcha) veio à minha casa dizer pessoalmente a frase do tal do azar. Não tinha jeito, nem ela acreditava na desgraça, era mais um sofá devolvido. Enquanto isso, recebo ligações do impermeabilizador que escuta uma espécie de “repeat” das minhas palavras: “Olha, o sofá até chegou, mas vamos devolver porque está com defeito!”. Cá estamos nós com o sofá quebrado à espera da alternativa (ou de outro com outro tipo de defeito, quem sabe).
            O roupeiro escolhido com muito cuidado, veio com as duas portas completamente tortas e com peças maiores do que as normais. Desta vez foi o montador: “Vocês deram azar!”. Bem como a estante de livros que devia estar no mesmo acidente do sofá, mas nessa literalmente “a bala” pegou de raspão, e que raspão deixou!
            O mais incrível foi o microondas. Por favor, tentem entender...ele veio com os pinos da tomada maiores do que o encaixe! Descobrimos então que há um outro padrão de tomadas, a qual a LG (e somente ela) resolveu seguir. Agora eu me pego pensando em como será a minha ligação de reclamação:

- Atendente Luzicleide, em que posso lhe ajudar?

- Luzi...o quê?...Não importa...Olha, eu gostaria de trocar o meu microondas.

- Trocar? Por qual motivo?

- Estou mais acostumada a usar o que liga na eletricidade e não esses à manivela ou luz solar, ou sei lá o que. Deve ser aquelas coisas que agora todo mundo faz chamando de sustentável. Quero um que ligue no interruptor e pronto!

- Mas Senhora, a LG não fabrica microondas que não sejam ligados na eletricidade!

- Ah, me desculpe. Vou alargar as minhas tomadas com uma faca, então!

            O colchão não ficaria de fora, não é mesmo? Eu pensei que sim!!! Depois de alguns dias com dores nas costas, pensei que poderia ser ele revelando algo. Dito e feito, o meu lado está visível e sensivelmente deformado. Isso que estamos usando há apenas 30 dias.
            O gás e os lustres da sala foram encorajados e também revelaram suas características indesejáveis. Nem a cadeira de praia se conteve.
            Estou tentando deixar o rack, a máquina de lavar e a geladeira trancados numa sala escura e isolada acusticamente, pra ver se eles se mantêm intactos e sem essas idéias absurdas.